sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Sobre beleza e envelhecimento no Brasil


No café Filosófico apresentado no dia 04/12/15 a antropóloga Mirian Goldenberg fez uma colocação muito interessante sobre o envelhecimento.
Comparou dois grupos de mulheres entre 40 e 50 anos, um grupo de brasileiras e outro de alemãs.
As mulheres brasileiras estavam mais preocupada com a perda da beleza/juventude e de como não eram mais atraentes para os homens e as alemãs mais preocupadas/engajadas em novos projetos. 
Isso dá uma dimensão de como nós brasileiras lidamos com o envelhecimento e como ainda somos machistas, porque acreditamos que eternamente nosso corpo está a disposição apenas da sexualidade e a disposição do masculino.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Bater ou não bater para educar

"Quase 30 estudos realizados em diversos países mostram que as crianças que apanham COM FREQUÊNCIA tornam-se elas mesmas mais agressivas, tanto durante a infância como na fase adulta. Também apresentam maior probabilidade de desenvolver depressão e usar drogas, mesmo depois da exclusão de outros fatores."

Então quando se fala que deve-se colocar limites não pense que batendo você terá algum resultado satisfatório.




Conversas podem e devem ser o único caminho.


Sabe aquele sermão/palestra?



Pois é, é 

ele!http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,chega-de-dar-corretivo-em-criancas-com-palmadas,1592192



quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Coisas que aprendi trabalhando como psicóloga:

1.Não julgue antes, espere sem ansiedade o tempo lhe dirá tudo;

2. Alguns pais acreditam que os filhos são o problema, mas a maioria das vezes o problema está em como se relacionam e veem seu filho;


3. Alguns homens sofrem, porém calam-se, as mulheres em sua maioria comunicam mais seu sofrimento;



4.Algumas pessoas podem ter dinheiro mas sensibilidade, generosidade talvez nunca consigam ter;

5. As crianças muitas vezes apenas precisam ser cuidadas com atenção e/ou alguém para brincar com elas verdadeiramente;

6. Uma boa parte das pessoas precisam apenas serem ouvidas e se ouvir;

7.Para ser feliz é necessário coragem;

8. Coragem e medo, assim como outros sentimentos, podem ser aprendidos e desaprendidos se não os praticarmos;

9. Auto-conhecimento e auto- estima estão interligados profundamente, ou seja, quem não se conhece, não se ama e consequentemente não se respeita.

10. A psicoterapia é o melhor investimento que podemos fazer em nossas vidas, tanto afetiva como profissionalmente.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

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Psiquê

"...cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é..."

sábado, 15 de setembro de 2007

Carta ao pai

Ler o livro Carta ao Pai, de Franz Kafka dá uma outra dimensão à compreensão de sua obra e pensamento, no livro a intimidade do autor parece se desnudar sem que isso ocorra de forma vulgar ou desnecessária.
Com precisão literária, digno de qualquer romance, Kafka escreve uma carta, que na verdade nunca foi entregue, cuja narrativa seria um acerto de contas com seu pai.
Não é difícil verificar a influência que o pai teve na vida deste escritor, a força daquilo que Kafka considerava tirania e que certamente teve impacto crucial sobre sua personalidade.

Interessante ver que, enquanto filho, Kafka observava aparentemente passivo mas com percepção aguçada as atitudes de seu pai, uma observação refinada e inteligente, mas de grande sofrimento.
Através das críticas avassaladoras ao que Kafka considera desmandos do pai, constrói uma articulação de pensamento crítico e pesado, digno de um gênio, mas com a mágoa tão sentida, quase de um menino, que muitas vezes se iguala a de qualquer outra pessoa diante do amor não correspondido, expondo uma ferida aberta de anos e anos de revolta e no final, a força da indignação.
Li O Processo antes de Carta ao Pai, hoje vejo todo o livro sob outro ângulo, nele percebo o quanto Kafka criticava quase a si mesmo, falando na verdade de uma auto recriminação diante da passividade frente a um oponente contra o qual não tinha força interna para lutar.

Penso que, de alguma forma, no livro O Processo, Kafka falava de um sentimento que quase nunca conseguimos escapar, a culpa, só ela tem força para nos tornar algoz de nós mesmos, a ponto de não questionarmos nossas penas, nossas punições.
Não é difícil perceber que todos estes ingredientes contidos no livro foram vividos na relação com um pai castrador que o impedia de se tornar um homem maduro para enfrentar a vida adulta (Kafka não conseguiu casar).
É nítida a tristeza da falta de um referencial que ele pudesse considerar digno de ser imitado, com certeza o pai, amado e odiado ao mesmo tempo, não conseguiu ser uma referência masculina para ele, talvez por considerar sua tirania contraditória e sem sentido. A ambigüidade de sentimentos permeia toda a carta e vai se tornando quase um encontro com nossos próprios sentimentos diante do objeto amado quando não correspondido, a expectativa de algo que não foi como o esperado.
Enfim, Carta ao Pai é um acerto de contas histórico que nos faz retornar aos nosso acertos parentais e individuais, ao questionamento de nossas relações primitivas e atuais.

Com sua mágoa particular, Kafka nos faz refletir e entender um pouco mais sobre sua subjetividade e por conseqüência sua obra.
Em uma simples carta pessoal, sem nenhum intuito literário, consegue ser genial, imortal e sempre atual.
Um presente literário que enternece o coração, mas também inquieta.
Fácil de ler, difícil de esquecer.


Postado por Débora Pissarra às 09:04
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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Máquina do tempo


 

Certa vez em uma aula da minha especialização, um professor lançou a seguinte pergunta:

"Vocês acreditam que é possível mudar o passado?"

Em um primeiro momento considerei que não.

Pensei: impossível que passado mude!

Acreditava que ele já havia marcado toda nossa vivência e determinado o que somos.

Mas na visão deste eu professor, o passado podia sim ser mudado.

Segundo ele, a psicoterapia proporciona uma mudança no ângulo que vemos o passado e isso pode ser determinante para que o passado mude.

Podemos fazer isso compreendendo de forma generosa erros cometidos, falhas alheias ou mesmo as nossas.

Durante a psicoterapia podemos olhar de outra forma coisas que vivenciamos dando outra compreensão ao que se passou.

Meu professor citou como exemplo que alguns podem reclamar que seus pais erraram com sua educação quando eram crianças, mas que pode haver formas de se pensar em tal fato.

A primeira vista se revoltar e brigar (mesmo que simbolicamente) com os pais da infância, mas também pode-se pensar que estes pais tiveram motivos próprios para agir dessa forma.

A maneira e o nível de maturidade que se consegue enxergar um acontecimento qualquer do passado, pode mudar a compreensão dos fatos vividos.

Uma vez Sartre ao criticar a psicanálise, dando um tom mais existencialista a nossa vida disse:

"Não importa o que fizeram de você, mas o que você faz disso."

Cabe a cada um refletir, repensar e se apaziguar com seu passado, tirar proveito, aprender com ele e se tornar protagonista de sua história.

Se ressentir ou compreender.

A escolha é pessoal.


 

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Um coração fraco


Assisti uma peça de teatro escrita pelo brasileiro Domingos Oliveira, Um coração fraco, baseada no texto do autor russo Fiodor Dostoiévski, A felicidade. Nela o autor conta a estória de Vassia, um jovem muito humilde, que mora com seu amigo e encontra o amor de sua vida: uma bela jovem de quem fica noivo.
Tudo ocorre bem no relacionamento e planos de futuro, a jovem também está apaixonada e sua mãe viúva apóia o casamento.
No decorrer da peça, muitas vezes o protagonista se pergunta se é merecedor de tal felicidade e pensa constantemente na jovem.Porém ele tinha um longo trabalho para entregar antes do casamento, mas não consegue executar a tarefa , no final sente-se muito culpado por isso e adoece a ponto de enlouquecer e não se casa.
O estranhamento a primeira vista na peça é que tudo isso ocorre exatamente na fase mais produtiva de sua vida, na fase em que deveria estar mais contente e realizado, e no entanto, o rapaz fracassa.
Aparentemente Vassia não tinha porque se sentir tão culpado e fracassar, mas existem comportamentos inexplicáveis à primeira vista.
Algumas pessoas não conseguem lidar com a própria felicidade, esta se torna insuportável de ser vivida e por fim acabam sabotando-a.
Nessa peça isso acontece de modo mais eloqüente e intenso, mas pode acontecer nas formas mais sutis em nossas vidas.
Apesar de parece contraditório e impossível inconscientemente pode ter um sentido.
Sabotamos nossa felicidade por medo de enfrentar as angústias e lutas que elas podem trazer, escolhendo um caminho sem riscos e previsível.
Como na peça, Vassia ao ver-se diante de tanta felicidade, se assusta e não consegue consumar seu casamento e ir adiante com uma vida feliz, isso o enlouquece. Não acha que conseguiria enfrentar e lutar por sua felicidade, por acreditar não ter condições de ser um homem que poderia "dar conta" de ter uma vida perfeita.
A fantasia de não falhar e da perfeição também pode ser paralisante e diante do medo de fracassar, podemos nos retirar da luta.
Com a idealização de um caminho sem tropeços, faz com que medo se sobreponha a qualquer luta.
Todo caminho é feito com tropeços e erros, mas alguns preferem desistir antes de tentar.Outra forma de sabotar a felicidade inconscientemente é pela culpa, ou seja, a pessoa pode acreditar que não merece usufruir a felicidade e a destrói antes que ela se realize.
A culpa muitas vezes vem de uma educação cristã, que acredita que não estamos na terra para termos prazer e felicidade, mas para sermos mártires, que após a morte terá direito ao paraíso.
Nos dois casos, a sabotagem é algo sério, causa de muitas neuroses e doenças psíquicas que impossibilitam os seres de usufruir de uma vida com qualidade.
Escolher o caminho da felicidade muitas vezes pode parecer um ato de egoísmo em nossa sociedade, mas algumas vezes é um ato de coragem e enfrentamento de muitos preconceitos e conceitos idealizados.

domingo, 27 de novembro de 2011

Desmame

Outro dia em uma reunião familiar, observei uma mãe a fazendo o desmame de seu pequenino. O bebê aflito, rejeitava todas as formas e os tipos de leite que lhe era oferecido e desesperadamente queria muito o leite materno.

Chorava pelo colo da mãe, onde encontraria sua fonte de prazer e saciedade, o seio que ainda estava cheio de leite e a mãe apesar de preocupada, procurava sair de seu campo de visão.

Outras tias tentavam acalentá-lo oferecendo a mamadeira e outros tipo de leite, o que ele rejeitava veementemente.

Interessante observar que algumas pessoas sofriam junto com o bebê, apesar de saber da necessidade materna de iniciar o desmame, outras acreditavam que era cedo ainda para colocá-lo à prova.

Enfim, todos ao entorno, apesar de saber da necessidade do desmame, se identificavam com o desespero do bebê, talvez essa identificação se deve ao fato de que todos nós já fomos "desmamados".

Observando aquela cena, pensei o quanto aquela prova de fogo seria importante e quem sabe até determinante para que este bebê possa lidar com os limites que a vida oferece.

Provavelmente este será um dos primeiros aprendizados sobre a mais importante das regras para se estar no mundo: a de que seu desejo de satisfação nem sempre será atendido.

Em psicanálise, chamamos de princípio do prazer e princípio da realidade.

No princípio do prazer nosso desejo é sempre atendido prontamente, sem dor ou sofrimento, no da realidade é que nem sempre podemos ter aquilo que desejamos.

Para a fantasia do bebê, a mãe e seu seio cheio de leite estará a sua disposição por toda a vida, quando ele se dá conta que esta satisfação não ocorre, ele tem um dos primeiros contatos com o princípio da realidade.

Simbolicamente isso quer dizer que a satisfação terá de ser postergada ou mesmo abdicada.

Quais as conseqüências pra a vida posterior?

Que deveremos e podemos suportar a dor, a insatisfação ou mesmo postergá-la em alguns momentos.

E inclusive que podemos passar por alguns sofrimentos no presente para depois usufruir isso em um futuro próximo.

Muitas pessoas sofrem por não conseguirem lidar com a insatisfação, como a perda, o luto e outras dificuldades inerentes à vida buscam outras vias de satisfação imediata de diferentes formas.

A ansiedade e a angústia podem ser tão aflitivas, que precisam algo imediato que as acalme.

Algumas outras conseguem se resignar e acolher a dor ou transformá-las em formas produtivas de trabalho, arte e afeto.

Sempre aprenderemos a lidar com a dor e o sofrimento, amadurecendo e verificando que nosso desejo não é o único, que não somos o centro do mundo, mas que porém também não estamos sozinhos no mundo.

Lidar com a angústia para alguns é um aprendizado que começa cedo, e como disse o desmame é apenas um deles, mas também um dos mais difíceis, até mesmo pra quem o presencia de fato.