sábado, 19 de novembro de 2011

Adolescentes


Outro dia um amigo ficou surpreso quando eu disse que adoro atender adolescentes.


Eu adoro, porque foi uma área de especialização clínica que escolhi, entendi e isso também facilita meu trabalho.
Entender toda a dinâmica do adolescente é importante para todos, porque ajuda muito a diluir essa grande implicância que temos dessa fase que muitos chamam de "aborrecência".
Pode ser aborrecido quando você não entende.
Vou tentar explicar algumas coisas que sei e me ajuda, talvez ajude também outras pessoas.
Claro que cada adolescente tem sua vivência e realidade, mas existem experiências que são inerente a todos os seres humanos, assim como o Complexo de Édipo, ninguém consegue fugir.
Uma das características mais importantes e que sempre é igual a todos os adolescentes, é o que chamamos de luto melancólico.


Este luto, diz respeito a diversos fatores:
- abandono do corpo infantil;
- perda dos pais da infância;
- perda da própria infância
Talvez muitos não reparem, mas os adolescentes sofrem muito com estas perdas.
Abandonar a situação infantil, implica deixar de ser protegido, ter que se dar conta de suas escolhas e principalmente entrar no mundo adulto.
Só o fato de ter que entrar no mundo adulto, com todas as responsabilidades já é por si um fardo assustador, e pode ser muito mais difícil para quem vivia em um mundo totalmente protegido.
O corpo antes infantil, vai se transformando ao poucos e essa fase metamórfica muitas vezes é rápida e estranha, efeito da mudança hormonal algumas vezes agressivas.
O pensamento também começa a mudar, ele dá um pulo qualitativo, antes o pensamento que era concreto, vai se refinando, isso estimula o lado rebelde e questionador dessa fase.


Não é pouca coisa, não?
O fato mais dramático é que o adolescente está nesse meio caminho, acabou de deixar de ser criança, não é um adulto independente, tem alguns deveres e poucos direitos, ou seja, é cobrado como adulto, mas ainda para algumas situações são tratados como crianças.
Inconscientemente sabe o que o espera, está fascinado com todas as possibilidades à frente, mas muitas vezes pode estar assustado e angustiado.
Apoiar, entender e respeitar essa fase é importante.
Isso não quer dizer que devemos ficar passivos a toda agressividade e testes de limites, não estou dizendo que estas dificuldades dão algum "habeas corpus" para transgressões e falta de limites e respeito, muito pelo contrário, é também nessa fase que muitos "nãos" merecem e devem ser ditos, tanto para protegê-los de alguma confusão, como também para ainda educá-los de seus limites.
Aliás ser pai,mãe, professor ou cuidador de adolescente, é se especializar na arte de suportar ser odiado, porém não podemos nos esquecer que muitas vezes as agressões dos adolescente são formas de se "desprender" dos pais infantis, mas cabe aos pais se manterem inteiros para saber dizer não quando for necessário e saudável.
















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